Muitas pessoas perdem ótimas oportunidades de emprego não por falta de competência, mas por medo dos testes psicológicos.
Essas avaliações ainda geram insegurança, mas entender como funcionam é o primeiro passo para encarar essa etapa com confiança. Neste artigo, você vai descobrir quais são os testes mais aplicados em processos seletivos, o que eles avaliam e como se preparar para se sair bem.
O que são testes psicológicos e por que as empresas aplicam
Os testes psicológicos são ferramentas usadas por psicólogos e recrutadores para avaliar características cognitivas, emocionais e comportamentais de um candidato. Eles ajudam a identificar se o perfil da pessoa é compatível com o cargo e com a cultura da empresa.
Esses testes oferecem uma visão mais objetiva e reduzem a subjetividade comum nas entrevistas. Eles permitem que o RH vá além do “achismo” e compreenda o potencial real de cada profissional.
Mas não existe “certo” ou “errado”. O objetivo é encontrar o melhor encaixe entre pessoa e vaga, não eliminar candidatos. As empresas buscam compreender como o indivíduo reage a desafios, como trabalha sob pressão e como se relaciona com os outros.
Portanto, se você encara o teste psicológico como um vilão, é hora de mudar de perspectiva: ele pode ser o seu aliado para mostrar o melhor de si.
Principais tipos e exemplos de testes psicológicos para admissão (com perguntas e dicas)
Os testes psicológicos variam bastante conforme o cargo, mas a maioria se encaixa em três grandes categorias: testes de personalidade, de raciocínio e projetivos.
Abaixo, veja exemplos reais aplicados em seleções e o que esperar de cada um.
1. Testes de personalidade
Esses testes avaliam como você pensa, sente e age em diferentes situações. O objetivo é entender seu estilo de trabalho, sua interação com o grupo e como lida com desafios.
Exemplos mais usados:
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QUATI (Questionário de Avaliação Tipológica) – Mede preferências e traços de personalidade baseados na teoria junguiana.
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DISC – Classifica o comportamento em quatro estilos: Dominante, Influente, Estável e Cauteloso.
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Big Five – Analisa cinco dimensões principais da personalidade (abertura, extroversão, responsabilidade, amabilidade e estabilidade emocional).
Perguntas típicas que podem aparecer:
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“Você prefere liderar um projeto ou seguir orientações detalhadas?”
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“Costuma tomar decisões rapidamente ou prefere analisar todas as opções antes?”
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“Como reage quando alguém discorda de você em uma reunião?”
Dicas para se preparar:
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Seja honesto — tentar “parecer o ideal” gera inconsistências.
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Pense em situações reais do seu trabalho anterior para embasar suas respostas.
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Lembre-se: não existe perfil certo ou errado, apenas o mais adequado para cada função.
2. Testes de raciocínio e aptidão
Avaliam sua capacidade de pensar logicamente, resolver problemas e manter a concentração. São comuns em cargos administrativos, técnicos e operacionais.
Exemplos mais aplicados:
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G-38 (ou Teste de Matrizes Progressivas de Raven) – Mede raciocínio lógico e agilidade mental através de sequências visuais.
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Teste AC (Atenção Concentrada) – Exige marcar símbolos específicos em uma grande quantidade de estímulos, avaliando foco e velocidade.
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Testes numéricos e verbais – Apresentam questões de cálculo simples, lógica, analogias e interpretação de texto.
Perguntas ou desafios que podem aparecer:
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“Complete a sequência: 2, 4, 8, 16, ___.”
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“Qual figura completa corretamente o padrão visual a seguir?”
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“Entre as palavras abaixo, qual não pertence ao grupo?”
Dicas de preparação:
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Treine o raciocínio lógico com jogos de lógica, Sudoku e testes online.
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Faça simulados de atenção com cronômetro, para aprender a gerenciar o tempo.
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No dia, mantenha calma e ritmo constante — o importante é equilibrar velocidade e precisão.
3. Testes projetivos (gráficos e interpretativos)
Esses testes exploram aspectos emocionais e inconscientes, revelando como o candidato percebe o mundo e lida com situações simbólicas.
Exemplos mais conhecidos:
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Palográfico – O candidato deve desenhar fileiras de traços verticais de forma contínua. O avaliador observa ritmo, pressão, regularidade e espaçamento.
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HTP (House-Tree-Person) – O participante desenha uma casa, uma árvore e uma pessoa. Cada elemento é interpretado de acordo com detalhes e proporções.
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Zulliger – Baseado nas manchas de Rorschach, avalia padrões de percepção e tomada de decisão.
Perguntas ou instruções típicas:
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“Desenhe uma casa, uma árvore e uma pessoa.”
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“Preencha as linhas com o maior número possível de traços em três minutos.”
Dicas de preparação:
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Não tente “fazer bonito”. O importante é agir naturalmente, sem pensar em “como agradar o avaliador”.
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Evite tensões físicas (como segurar o lápis com força) — isso pode influenciar seu traçado.
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Descanse e respire fundo antes de começar, para manter regularidade no ritmo.
Como se preparar para os testes psicológicos na admissão
A boa notícia é que você pode se preparar — não para “acertar” respostas, mas para estar no seu melhor estado mental e emocional.
Aqui vão algumas dicas práticas:
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Durma bem na véspera. O descanso é essencial para manter foco e raciocínio afiados.
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Evite comparar-se a outros candidatos. Cada pessoa tem um perfil diferente, e isso é positivo.
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Leia atentamente as instruções. Muitos erros acontecem por distração, não por falta de capacidade.
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Pratique exercícios de foco. Jogos de atenção, leitura e lógica ajudam a estimular a mente.
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Seja honesto nas respostas. Os testes têm mecanismos que detectam incoerências.
Candidatos autênticos e tranquilos têm mais chances de se destacar nas avaliações psicológicas.
Erros mais comuns nos testes psicológicos (e como evitá-los)
Mesmo candidatos experientes cometem falhas simples que comprometem o desempenho. Veja os erros mais frequentes — e como se proteger deles:
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Tentar “enganar o teste”: mentir nas respostas gera perfis incoerentes e é facilmente detectado.
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Responder rápido demais: precipitação demonstra ansiedade e falta de atenção.
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Desconhecer o propósito do teste: isso aumenta o nervosismo e leva a erros por interpretação.
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Não cuidar do emocional: ansiedade e tensão alteram o comportamento natural.
A dica é simples: seja você mesmo. Testes psicológicos não buscam o “candidato perfeito”, mas aquele cujo perfil se encaixa melhor na função.
O que esperar depois do teste: análise e retorno do RH
Após a aplicação, o psicólogo responsável faz a correção técnica e a análise dos resultados.
Esses dados não geram um “aprovado ou reprovado”, mas sim um relatório de compatibilidade, que indica se o perfil está alinhado à vaga.
Nem todas as empresas dão devolutiva individual, mas quando isso ocorre, o candidato pode aprender muito sobre seus pontos fortes e aspectos a desenvolver.
Processos que incluem feedback aumentam a satisfação dos candidatos, mesmo quando eles não são contratados. Isso mostra como o teste pode ser uma ferramenta de autoconhecimento profissional.
Os testes psicológicos deixaram de ser um mistério. Agora você sabe que eles são ferramentas sérias, científicas e justas — e que se preparar emocionalmente faz toda a diferença.
Encare-os como um espelho: eles ajudam você a entender seus pontos fortes e o que precisa evoluir.
Lembre-se: o segredo não está em decorar respostas, mas em conhecer a si mesmo.
