Levantamento inédito mostra como a automação pode mudar o mercado de trabalho — e por que algumas funções seguem praticamente intocáveis.
Você já parou para pensar se a sua profissão pode desaparecer? Pois um novo estudo da Microsoft acaba de acender o alerta — e os resultados são mais próximos do que muita gente imagina. O futuro do trabalho não é mais uma previsão distante: ele está acontecendo agora, no seu mercado, no seu dia a dia, nas tarefas que você já delega para a tecnologia.
Nos últimos meses, a Microsoft mergulhou em milhares de interações reais de profissionais com o Bing Copilot, analisando como a IA foi usada para resolver tarefas de trabalho ao longo de nove meses de 2024. O resultado foi um mapeamento inédito das profissões mais vulneráveis à automação — e das que permanecem seguras, pelo menos por enquanto.
O que o novo estudo da Microsoft revela sobre o futuro do trabalho
O relatório, ainda não revisado por pares, identificou 40 ocupações com tarefas altamente executáveis pela inteligência artificial. Ao cruzar o tipo de atividade que usuários pediam ao Copilot com as responsabilidades de diferentes carreiras, os pesquisadores conseguiram medir o quanto cada profissão está exposta à automação.
A pesquisa ganhou destaque porque não se baseia em previsões teóricas: ela analisa tarefas reais realizadas por pessoas reais, em tempo real.
Segundo os pesquisadores da Microsoft, “é tentador concluir que profissões com alta sobreposição com a IA perderão empregos ou salários, mas isso seria um erro”, afirmam no relatório divulgado.
Como funciona o “AI applicability score”, criado pela Microsoft
Para calcular o impacto da IA sobre cada profissão, a Microsoft desenvolveu o AI applicability score, um índice que mede o quanto a IA consegue cumprir tarefas específicas de determinadas carreiras.
A metodologia envolveu:
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Análise de milhares de conversas no Bing Copilot entre janeiro e setembro de 2024.
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Filtragem apenas das interações relacionadas a atividades de trabalho.
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Comparação das tarefas solicitadas com a lista de atividades que compõem cada ocupação.
Quanto maior a facilidade da IA em completar essas tarefas, maior o risco de automação.
As 40 profissões mais vulneráveis à IA, segundo a Microsoft
Por que trabalhos cognitivos são os primeiros da fila
Em comum, as carreiras mais expostas têm tarefas que a IA já domina com precisão: escrita, pesquisa, coleta de informações, síntese e comunicação. São atividades ideais para modelos generativos.
Lista das 40 profissões com maior risco, segundo a Microsoft
Essas foram as das carreiras com maior índice de aplicabilidade da IA, conforme relatório da Microsoft:
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Intérpretes e tradutores
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Historiadores
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Atendentes de passageiros
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Representantes de vendas de serviços
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Escritores e autores
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Representantes de atendimento ao cliente
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Programadores de ferramentas CNC
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Operadores de telefone
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Agentes de bilheteria e funcionários de agências de viagem
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Locutores e apresentadores de rádio
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Assistentes de corretora / auxiliares de corretagem
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Instrutores de gestão agrícola e doméstica
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Telemarketing / operadores de telemarketing
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Concierges
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Cientistas políticos
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Analistas de notícias, repórteres e jornalistas
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Matemáticos
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Redatores técnicos
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Revisores e marcadores de cópia (copy markers)
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Hosts e hostesses (recepcionistas de eventos/restaurantes)
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Editores
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Professores universitários de negócios (ensino superior)
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Especialistas em relações públicas
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Demonstradores e promotores de produtos
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Agentes de vendas de publicidade
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Assistentes de abertura de contas bancárias
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Assistentes estatísticos
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Atendentes de balcão e aluguel (counter and rental clerks)
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Cientistas de dados
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Secretários executivos
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Cientistas animais
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Pesquisadores de opinião e pesquisas (survey researchers)
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Estatísticos
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Físicos
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Secretários jurídicos
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Cientistas do solo e de plantas
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Cientistas ambientais
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Logísticos / especialistas em logística
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Administradores de educação superior
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Assistentes veterinários
Essas funções são consideradas altamente “automáveis” porque dependem de tarefas repetitivas, intelectuais e baseadas em informação — exatamente onde a IA performou melhor nas interações avaliadas.
O que todas essas funções têm em comum
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Forte dependência de texto (análise, escrita ou interpretação)
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Necessidade de organizar, estruturar e apresentar informações
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Processos intelectuais que podem ser replicados por modelos linguísticos
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Alto volume de atividades que não exigem presença física
Em outras palavras: se a maior parte do seu trabalho acontece diante de um computador, a IA está chegando mais perto do que você pensa.
As profissões menos vulneráveis à IA — por enquanto
Por que trabalhos físicos continuam protegidos
Carreiras que exigem coordenação motora fina, toque humano, empatia presencial ou manipulação de objetos no mundo real permanecem praticamente fora do alcance da IA no curto prazo.
O motivo é simples: robôs ainda são caros, limitados e incapazes de replicar a complexidade do corpo humano.
Lista das 40 profissões menos afetadas pela IA, segundo a Microsoft
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Flebotomistas
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Assistentes de enfermagem
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Trabalhadores de remoção de materiais perigosos
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Auxiliares – pintores, gesseiros etc.
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Embalsamadores
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Operadores de plantas e sistemas (diversos)
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Cirurgiões orais e maxilofaciais
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Instaladores e reparadores de vidro automotivo
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Engenheiros navais
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Reparadores e trocadores de pneus
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Prostodontistas
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Ajudantes – trabalhadores de produção
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Trabalhadores de manutenção de rodovias
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Preparadores de equipamentos médicos
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Operadores de máquinas de embalagem e enchimento
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Operadores de máquinas de corte de carne (ou semelhantes)
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Trabalhadores de preparação de alimentos em geral
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Operadores de instalações industriais (variações)
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Ajudantes – operadores de máquinas ou processos
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Trabalhadores de manutenção de áreas externas
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Trabalhadores florestais e de conservação
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Operadores de máquinas relacionadas a agricultura e conservação
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Trabalhadores de manutenção industrial
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Ajudantes – construção
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Trabalhadores de apoio em saúde (outras categorias)
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Técnicos em preparação de materiais
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Operadores de sistemas de tratamento de água
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Operadores de empilhadeira ou maquinário similar
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Trabalhadores de caldeiraria e reparos estruturais
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Trabalhadores de extração (mineração)
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Ajudantes – diversas ocupações manuais
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Técnicos em laboratório médico (categorias correlatas)
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Operadores de tanques e caldeiras
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Ajudantes – profissões diversas de engenharia ou manutenção
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Trabalhadores em limpeza e arrumação (housekeeping)
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Ajudantes – serviços de saúde domiciliar
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Operadores de máquinas têxteis, vestuário e mobiliário
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Trabalhadores rurais e agrícolas
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Assistentes de terapia ocupacional e fisioterapia
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Operadores de equipamentos diversos em plantas industriais
Essas carreiras dependem de habilidades táteis, sensoriais e motoras que a IA, hoje, não consegue emular. Por isso, estão entre as mais seguras do estudo.
O ponto mais importante: a IA não substitui profissões — substitui tarefas
Mesmo com o alto risco identificado em algumas carreiras, o estudo deixa claro:
“Nossos dados não indicam que a IA está realizando todas as atividades de trabalho de nenhuma ocupação.”
— Pesquisa Microsoft, 2025
Ou seja: nenhuma profissão, nem mesmo as mais vulneráveis, é completamente substituível hoje.
O impacto ocorre nas tarefas, não no cargo em si. Isso significa:
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A IA aumenta produtividade.
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Tira da rotina tarefas operacionais.
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Permite que profissionais atuem de forma mais estratégica.
A mudança não elimina o trabalhador — ela redefine como ele trabalha.
Como se preparar agora para não ser engolido pela automação
Mesmo sem substituição total, a transformação é inevitável. Adaptar-se não é opcional: é urgente.
Caminhos práticos:
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Aprender a usar IA como ferramenta de trabalho
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Desenvolver habilidades humanas que a tecnologia não replica:
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criatividade
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comunicação empática
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tomada de decisão
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visão crítica
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Assumir tarefas estratégicas que complementem a IA
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Se atualizar continuamente em tecnologia e tendências
Profissionais que souberem combinar IA + habilidades humanas estarão entre os mais valorizados nos próximos anos.
A IA transforma o trabalho, mas não elimina o trabalhador
O estudo da Microsoft reforça o que especialistas vêm dizendo há anos: a inteligência artificial não é o fim das profissões — é o início de uma nova fase do trabalho.
Algumas carreiras terão parte de suas atividades automatizadas. Outras serão totalmente redefinidas. Mas nenhuma delas desaparece por completo.
A grande diferença entre quem prospera e quem fica para trás é simples: adaptação.
E você, como vê o impacto da IA na sua profissão?
Acha que seu trabalho está mais em risco, em transformação ou totalmente seguro?
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