O sonho do home office está ameaçado. O que parecia uma revolução silenciosa no mundo do trabalho está sendo desmontado, um retorno de cada vez ao velho e conhecido escritório. Mas será que voltar ao presencial faz mesmo sentido? Ou estamos simplesmente ignorando dados que comprovam os ganhos de produtividade e qualidade de vida do trabalho remoto? Será que o fim do home office é apenas uma decisão empresarial ou um retrocesso social?

Enquanto empresas exigem o retorno ao escritório, milhares de profissionais se perguntam: “Por quê?” Neste artigo, vamos analisar o que dizem as pesquisas mais recentes sobre produtividade, bem-estar e satisfação no contexto do trabalho remoto e presencial.

Produtividade em debate: o que mostram os dados?

Apesar da avalanche de decisões empresariais exigindo o retorno aos escritórios, as evidências mostram outra realidade. Um estudo conjunto da FIA Business School e da FEA-USP, divulgado em janeiro de 2020, revelou que 94% dos trabalhadores afirmam que o home office melhorou suas vidas. O levantamento ouviu mais de 400 profissionais e mostrou que a produtividade aumentou em 58% dos casos (Riotimes).

Outro exemplo vem da Productivity Commission da Austrália, que em fevereiro de 2025 publicou um relatório confirmando que o trabalho híbrido contribui para maior produtividade e satisfação dos funcionários. Segundo o documento, a queda de produtividade pós-pandemia não tem relação com o home office, mas com problemas estruturais e falta de investimentos tecnológicos (News.com.au).

Entretanto, em 2025, a realidade do mercado mudou drasticamente. Segundo o LinkedIn, a quantidade de vagas que oferecem home office caiu de 40% em 2022 para 25% em 2023 (Genyo). Um estudo da Swile Brasil com a Leme Consultoria revela que 33% das empresas operam 100% presencialmente, enquanto apenas 13% mantêm o remoto integral, concentrado em áreas como tecnologia (Exame).

Esse cenário reforça o contraste: mesmo com dados que comprovam os benefícios do remoto, muitas empresas estão voltando atrás. Será que estamos regredindo no entendimento do que realmente impulsiona a produtividade?

O impacto do home office na vida do trabalhador

Além da produtividade, o home office também transformou o bem-estar dos profissionais. Uma pesquisa da University of South Australia, publicada em junho de 2024, apontou que trabalhar de casa contribui para a felicidade, reduz o estresse e melhora a saúde mental dos trabalhadores (Valor Econômico).

Segundo o levantamento, profissionais que trabalham remotamente relatam maior controle sobre o tempo, melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e uma significativa redução no cansaço emocional.

Outro dado importante vem da Forbes, que divulgou em maio de 2025 que 42% dos profissionais se sentem mais produtivos em casa, contra 43% que preferem o escritório (Forbes Brasil). Ou seja, não há uma resposta única — mas há uma preferência clara por flexibilidade.

Claro, o modelo remoto também tem seus desafios: isolamento social, falta de integração com colegas e dificuldade de adaptação para profissionais juniores são alguns deles. Mas ao que tudo indica, esses problemas podem ser solucionados com estratégias bem definidas de comunicação e gestão — e não com um simples retorno ao escritório.

Por que as empresas estão encerrando o home office?

Apesar das evidências, muitas empresas decidiram encerrar a era do home office. Muitas empresas que operavam remotamente durante a pandemia estão agora exigindo presença total no escritório. As justificativas? Fortalecer a cultura organizacional, melhorar a inovação e aumentar a colaboração.

A ideia de que “a cultura da empresa se constrói no corredor e no cafezinho” voltou com força, embora nem sempre com base em dados concretos. Líderes também alegam que o trabalho presencial facilita o controle de entregas e o engajamento dos colaboradores — especialmente os mais jovens e novos na empresa.

Contudo, esse movimento não é unânime. Muitas empresas globais, como a Salesforce e a Shopify, estão investindo em modelos remotos ou híbridos com resultados positivos, inclusive em inovação. Para elas, o engajamento não depende de presença física, mas de boas lideranças e sistemas de gestão eficientes.

Ou seja, há um descompasso entre o que os profissionais desejam e o que as empresas estão impondo. Esse embate tende a se acirrar nos próximos anos — e o talento pode acabar migrando para quem oferecer mais liberdade.

Flexibilidade é o novo nome do jogo

Mesmo com a redução das vagas remotas, a busca por flexibilidade nunca foi tão forte. A consultoria KPMG, em seu estudo global de 2024, revelou que empresas com políticas de trabalho flexível têm maior capacidade de atrair e reter talentos, especialmente os da Geração Z (KPMG).

Essas empresas adotam modelos como “anywhere office”, onde o colaborador pode trabalhar de qualquer lugar — seja sua casa, um coworking ou até outra cidade. Os resultados? Redução no turnover, aumento no índice de satisfação e crescimento da produtividade.

O modelo híbrido, para muitos especialistas, representa o ponto de equilíbrio: combina os benefícios do contato presencial com a liberdade do remoto. E o mais importante: permite que o trabalhador escolha. Empresas que entenderam isso estão saindo na frente, enquanto outras amargam dificuldades para contratar e manter seus profissionais.

A flexibilidade, hoje, não é mais um benefício: é uma exigência do mercado de trabalho moderno.

O fim do home office está sendo imposto por muitas empresas, mesmo diante de dados que comprovam seus benefícios. Em 2025, vivemos um paradoxo: profissionais mais produtivos e satisfeitos querem continuar remotos, mas o mercado está voltando ao modelo presencial.

Essa decisão, muitas vezes, ignora o que realmente importa: o bem-estar e a performance do colaborador. Empresas que não souberem equilibrar controle com liberdade podem perder seus talentos para concorrentes mais adaptáveis.

A verdadeira pergunta não é se o home office vai acabar, mas sim: quem está pronto para evoluir com o mercado?

E você, qual sua opinião sobre o tema? Acredita que o melhor tipo de trabalho para empresas e funcionários é o presencial, híbrido ou home office? Opine sobre esse importante debate social.